A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) promove entre os dias 28 a 30 de julho, em Belo Horizonte, oficinas para elaboração das Diretrizes Estaduais para Controle da Dengue, Febre Chikungunya e Zika Vírus. Participam das oficinas representantes de todas as Regionais de Saúde do estado, municípios e Ministério da Saúde. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações de enfrentamento das doenças, que inclui uma série de debates e palestras. 

Durante a abertura das oficinas, na manhã desta terça-feira (28/07), o Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Fausto Pereira dos Santos, falou sobre as novas estratégias de enfrentamento da dengue. “Está cada vez mais claro que as estratégias devem tentar evitar ao máximo os casos graves e óbitos por dengue. E para isso é fundamental o diagnóstico precoce e a hidratação, além da reestruturação do atendimento aos pacientes nas Unidades de Saúde”, afirma. 

Osvaldo Afonso

Segundo a Subsecretária de Vigilância e Proteção à Saúde da SES-MG, Celeste de Souza Rodrigues, a participação dos municípios na prevenção e controle da dengue, febre Chikungunya e Zika vírus é tão importante quanto as ações do estado. “O principal objetivo da elaboração das novas diretrizes é o fortalecimento das ações desenvolvidas pelas Regionais de Saúde e pelos municípios, além da rediscussão do plano de controle dessas doenças”, enfatiza. 

O Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta, explicou sobre a recente mudança no perfil dos criadouros da dengue. “Por causa da crise hídrica, temos encontrado uma grande quantidade de criadouros do mosquito Aedes Aegypti em reservatórios de água, como tambores e tonéis. Neste cenário, os municípios têm o papel de mobilizar a população e organizar a rede de assistência médica para minimizar os impactos da doença na população”, afirma. 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há uma estimativa de 50 a 100 milhões de novos casos de dengue por ano no mundo, com uma sobrecarga para os países tropicais. Para melhor controle dos casos, desde junho de 2015 a SES-MG adota a mesma metodologia do Ministério da Saúde para a divulgação dos dados de dengue. Além dos casos confirmados também são divulgados os suspeitos, que aguardam confirmação do diagnóstico. 

Segundo a referência técnica em dengue do Ministério da Saúde, Matheus Cerroni, para que uma pessoa possa ser diagnosticada com suspeita de dengue, é preciso apresentar febre por dois a sete dias ou outros sintomas característicos da doença. “Além disso, um caso pode ser considerado suspeito quando o paciente vive numa área com registro de casos da doença, ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para uma área com ocorrência de transmissão”, explica.  

Atualmente, Minas Gerais possui sete municípios com alta incidência de dengue, 43 municípios com média incidência e 507 com baixa incidência. Entre os principais desafios a ser discutidos nas oficinas está a maior articulação com as unidades hospitalares, preparo para realização do diagnóstico precoce, capacitação continuada de profissionais de saúde, estratégias de mobilização social e controle dos vetores que transmitem as doenças. 

Oficinas

Na tarde desta terça-feira houve apresentação da experiência do município de Cambuquira em 2015. A técnica da Superintendência Regional de Saúde de Varginha, Monique Borsato, enfatizou as mudanças promovidas pelo município no enfrentamento à dengue neste ano e os resultados obtidos. “Houve uma mudança substancial, mas nas ações cotidianas. O município evitou que houvesse óbito e o resultado em termos de ocorrência da doença foi inferior ao da média da Regional”. Borsato enumerou algumas ações realizadas nos âmbitos da assistência, mobilização e até mesmo na estrutura. “Houve instituição do Comitê Municipal da Saúde, decreto municipal de combate à dengue, criação do Disque Denúncia, elaboração na Atenção Primária de checklist para os Agentes Comunitários de Saúde, implementação e formalização do Núcleo de Mobilização Social, entre outras”. 

A subsecretária de Vigilância e Proteção à Saúde, Celeste de Souza Rodrigues, salientou que o evento constitui em possibilidade de repensar o Plano Estadual de Controle da Dengue. “É possível pensar diferente? Replanejar? Agora, temos, além da dengue, a Chikungunya e Zica-V. Aproximamos o Estado dos municípios e incentivamos as Regionais de Saúde a replicarem as oficinas. Este momento é propício para discutirmos várias ações, afinal, a responsabilidade é de todos. 

No mesmo contexto de alinhamento, o secretário municipal de saúde de Uberaba, Marco Túlio Azevedo Cury, enfatizou a importância da integração entre municípios, Estado e União. “A parte da execução é a cargo do município, mas o trabalho conjunto aumenta a possibilidade de acerto. A integração foi demonstrada na própria composição da mesa de abertura com representantes dos municípios, do Estado e da União”. 

O coordenador do Núcleo Estadual de Mobilização Social, Joney Vieira, afirma que o relacionamento entre assistência, vigilância e controle de vetores com a mobilização social é fundamental no enfrentamento a essas doenças. “É preciso discutir, ouvir. Se não for participativo, não é mobilização. Aqui, temos o diagnóstico, pensamos as estratégias e vamos discutir na rede de mobilização. Essa oficina é importante também porque, a partir dela, ouvimos os municípios e a regional tendo um diagnóstico mais preciso”. 

Segundo a assessora de comunicação e referência em mobilização social da Gerência Regional de Saúde de Manhumirim, Andressa Aguiar, o diálogo entre a área técnica e a mobilização favorece o êxito das ações. “A mobilização discute e executa parte das ações. Assim, o diálogo com a área técnica é muito rico. Essa interação tende a render bons frutos”. 

Para o supervisor técnico de zoonoses da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte (SRS-BH), que abrange quase 25% da população mineira, Douglas Teixeira, a troca de experiências e a elaboração de diretrizes são essenciais também considerando-se a troca de gestão. “Iniciamos uma nova gestão, uma nova dinâmica. Portanto, essa Oficina é uma oportunidade para termos um diagnóstico da situação de Minas Gerais e compartilharmos experiências e estratégias. Desse modo, podemos ter diretrizes mais eficazes para evitar epidemia e melhorar o trabalho. 

Amanhã (29), estão programadas palestras sobre investigação de óbitos, assistência ao paciente e painel sobre vigilância laboratorial, além de trabalhos de grupo que abordarão Vigilância, Assistência, Controle Vetorial e Mobilização. 

Mais informações sobre as doenças e dados disponíveis aqui 

Por Jéssica Gomes / Leandro Heringer

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