Estação ferroviária abandonada da Gameleira será recuperada para abrigar o espaço cultural

Uma parceria entre a Fundação Ezequiel Dias (Funed), a Prefeitura de Belo Horizonte e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vai fazer com que a área da Estação da Gameleira, hoje completamente abandonada, seja recuperada e cedida à Funed para construção do primeiro museu que vai tratar da saúde pública e também da arte circense: o museu “Estação Ciência na Cidade do Circo”.

De acordo com a Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Funed, Esther Margarida Bastos, uma das idealizadoras do projeto, a proposta é utilizar o clima descontraído e festivo das artes circenses para aproximar a população de conceitos científicos e possibilitar a popularização da ciência.

“Pretendemos aproximar as artes circenses, em suas diversas manifestações, e os princípios científicos explorados em pesquisas e no desenvolvimento tecnológico, entre eles, a biologia, a microbiologia, a física e a química. A aventura incita o artista e a curiosidade cria o ímpeto da investigação científica. Tanto a arte quanto a ciência são movidas por impulsos criativos e pelo mesmo espírito aventureiro”, explica a diretora.

Ela conta que a ideia nasceu a partir da necessidade de expansão de projetos de popularização da ciência e de envolver a comunidade localizada no entorno da Funed nas ações desenvolvidas na instituição e ganhou força com a identificação de uma área, próxima à sede da Funed, que tem ligações com a história centenária da organização e que poderia abrigar esse espaço cultural.

“Dados históricos relatam que, em 1922, a Funed utilizava um vagão denominado Vagão da Saúde nas ações de profilaxia e nas expedições científicas pelo sertão mineiro. Vamos tentar resgatar essa ideia com o Museu na estação. Para isso, procuramos o Iphan e a Prefeitura de Belo Horizonte para recuperação e dinamização da área da Estação Gameleira e estamos muito contentes com esta primeira conquista, que foi o compartilhamento do terreno”, afirma Esther Margarida Bastos. Segundo ela, historicamente, as trupes de circo se deslocavam em Minas Gerais por meio de trem de ferro. Com o Museu, será possível fundir a proposta da Funed com a de criação da Escola de Circo, pretendida pela Prefeitura por meio da Fundação Municipal de Cultura.

A Fundação Ezequiel Dias também já recebeu a doação feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) de três vagões de carga - de 16 metros de comprimento cada um – que eram pertencentes à extinta Rede Ferroviária Federal Vera Cruz. Os próximos passos são obras de restauração da área e dos vagões que integrarão as exposições. Para isso, a Funed está captando recursos através de parcerias e incentivos fiscais como a Lei Rouanet, de incentivo à cultura. “Vamos no empenhar para garantir os recursos e viabilizar a construção deste museu o quanto antes e, assim, colaborar para difusão da ciência e incentivar a cultura em nosso Estado”, disse o Presidente Renato Fraga Valentim.

O Museu

Por meio de uma visita ao museu, o público compreenderá que o conhecimento científico atual é o resultado de um processo histórico de pesquisas, o qual permite o desenvolvimento de produtos e serviços que estão presentes no cotidiano das pessoas. Serão abordados temas como vigilância sanitária, doenças infectocontagiosas, tipos de vírus, transmissões, evolução das patologias, produção farmacêutica e animais peçonhentos como serpentes, aranhas, abelhas e escorpiões. O diferencial, além da exposição lúdica, por meio da arte circense, será a interatividade.

“Em um dos vagões, a exposição vai explorar os sentidos e serão preparados também materiais que estabeleçam contato para a percepção de forma, tamanho, peso, solidez, textura, flexibilidade, temperatura, odor e sons. Tem ainda peças que serão confeccionadas para atender ao público com deficiência visual”, explica Esther Bastos. Em outro, de acordo com o projeto, a interação será feita por meio das atividades do circo.

No terceiro vagão será reconstruído o laboratório de bacteriologia utilizado por Ezequiel Dias e sua equipe há mais de 100 anos. Uma das portas laterais do vagão será aberta para uma pequena plataforma, de onde os visitantes poderão observar o pátio tecnológico da Fundação Ezequiel Dias, com sinalização de cores e áudio explicativo.

A estação

A Estação Ferroviária Gameleira foi aberta em 20 de junho de 1917, mesmo ano em que foi construído o prédio que sediará o Museu Estação Ciência na Cidade do Circo. A linha tem uma extensão de 633km, ligando o Rio de Janeiro à capital mineira, através da linha do Paraopeba, por acompanhar em boa parte de sua extensão o rio com o mesmo nome.

O local abrigou intensa movimentação de passageiros e funcionários da extinta Rede Ferroviária Federal até o ano de 1979 quando, depois de uma ou duas tentativas de reativação, foi extinto. Completamente abandonada, entre os anos de 2008 e 2009, a estação foi transferida da União para a Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte, sendo tombada pelo Patrimônio Histórico.

Por Assessoria Funed