A Secretaria de Estado de Saúde (SES) apresentou nesta quinta-feira, 14/08, o Plano Estadual de Contingência ao Ebola, que estabelece os protocolos para tratar casos suspeitos da doença que chegarem aos serviços de saúde, aeroportos e rodoviárias de todo o estado. “O Plano prevê a distribuição de um protocolo de atenção à saúde para que profissionais dos municípios e dos diversos serviços de saúde, uma vez detectado alguém com perfil de atenção saiba exatamente como proceder. A ideia é que esse protocolo seja aplicado em todo o Estado de Minas Gerais”, explicou o Secretário de Estado de Saúde, José Geraldo de Oliveira Prado.

O Plano, apresentado pela médica infectologista e assessora da subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde, Tânia Marcial, é dividido em três níveis. O primeiro e atual nível é acionado quando não há nenhum caso suspeito. “Nesse momento estamos monitorando as pessoas que vêm da região que chamamos de zona quente de transmissão, que são os países de Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria”, explicou a médica.

Serão considerados casos suspeitos pessoas que tenham passados por qualquer um desses países e apresente febre súbita até 21 dias após a chegada desses locais.

Os viajantes ou profissionais de saúde que tenham estado ou atuado nesses países e apresentem história de contato com pessoas doentes ou tenha participado de funerais ou rituais fúnebres de pessoas doentes ou que ainda tenham tido contato com animais doentes ou mortos também serão considerados casos suspeitos.

O Nível 2 do plano será acionada quando for detectado um caso suspeito, o que não ocorreu ainda. A orientação para os profissionais de saúde dos hospitais e unidades de saúde e também dos centros médicos de aeroportos e rodoviárias é que o paciente seja colocado em uma sala isolada. Não deve ser realizada nenhuma coleta de sangue, fezes ou urina para diagnóstico, para evitar contaminação dos profissionais de saúde.

Ao atender um caso suspeito, os serviços devem notificar imediatamente o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Belo Horizonte (CIEVS/BH), se o caso for identificado na capital; ou o CIEVS/MG se o paciente estiver em outro município.

O paciente com suspeita de ebola será transferido para o Hospital Eduardo de Menezes, que será a unidade de referência para o atendimento aos casos suspeitos. Em Belo Horizonte e Região Metropolitana, o transporte do paciente para o hospital de referência será feito pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Nos demais locais do estado, o transporte será feito de helicóptero pelo Corpo de Bombeiros.

Tânia Marcial explicou, ainda, que pelo continente africano ser endêmico em casos de malária, antes que se tenha o diagnóstico, os pacientes com suspeita de ebola também serão tratados para essa doença ou para outras de acordo com os sintomas que apresentar. “Hoje em Minas Gerais já fazemos o monitoramento das pessoas que chegam do continente africano. Se a pessoa apresenta febre em até 30 dias após a chegada a primeira suspeita é malária. Mas quando ela vem desses quatro países, vamos suspeitar também do ebola, mas não vamos esquecer da malária e faremos o tratamento para evitarmos que esse paciente morra de outras doenças, enquanto não temos o diagnóstico”, frisou a médica.

Os exames para a confirmação do vírus serão feitos nos Estados Unidos. O material será colhido no Hospital Eduardo de Menezes, mas nenhum exame laboratorial será realizado na unidade.

O hospital Eduardo de Menezes já conta com uma ala específica para o atendimento aos casos suspeitos de ebola. As equipes já estão treinadas e estão disponíveis cerca de 3 mil kits de equipamentos de proteção individual (EPI) para o uso dos profissionais que vão atender aos casos. Outros kits estão em processo de compra. Para o atendimento a cada paciente, a estimativa é que sejam necessárias 700 unidades de EPI, visto que todo o material é descartável.

Cada EPI é composto de Macacão impermeável; óculos de proteção; máscara facial; touca e capote impermeável; botas de borracha; viseira; luvas e fita adesiva.

Já o Nível 3 do Plano será acionado somente se houver um aumento no número de casos, com transmissão ocorrendo dentro do próprio estado. Nesse nível serão ampliados os hospitais de referência e novos EPIs serão adquiridos.

Vírus Ebola

Identificado em 1976 no Zaire, atual República Democrática do Congo, o vírus ebola possui alta letalidade, o que aumenta a preocupação das autoridades de saúde. A taxa de letalidade do vírus é de 60% a 90%. Não há vacina ou um tratamento específico para a doença, sendo tratados os sintomas dos pacientes.

A transmissão entre humanos acontece por contato direto com sangue e fluidos corporais dos doentes e mortos e só inicia após o início dos sintomas. O período de incubação do vírus é de um a 21 dias a partir do contágio.

Por Giselle Oliveira