Com a inauguração do primeiro Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP) público de Minas Gerais, na manhã de hoje, 10/04, a Fundação Hemominas dá importante passo para a realização de transplantes de medula óssea. Instalado na sede do Centro de Tecidos Biológicos de Minas Gerais (Cetebio), o BSCUP é o serviço responsável pela obtenção, avaliação e disponibilização de sangue do cordão umbilical e placentário para uso terapêutico. Esse material é rico em células-tronco hematopoéticas, capazes de produzir os elementos fundamentais do sangue, que podem ser utilizadas para tratar pacientes com doenças hematológicas, por exemplo, cânceres das células sanguíneas e outras doenças em que há a necessidade de realização do transplante.

A presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, fez um breve histórico do Cetebio, desde a idealização do projeto até a sua aprovação e agradeceu a parceria de todos osenvolvidos em sua concretização. “Esse momento é de grande emoção para todos nós, comprometidos com esse projeto que teve início na gestão da drª Anna Bárbara Proietti. Tivemos apoio irrestrito do Governo de Minas, que investiu mais de R$ 7 milhões nessa primeira fase. O BSCUP, primeiro banco instalado na sede do Cetebio, é essencial para nós, visto a responsabilidade que a Hemominas tem com relação aos pacientes hematológicos e ao REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). A concretização dessa obra só foi possível devido ao comprometimento de todos, que colocaram os interesses do SUS acima de qualquer partidarismo. Temos aqui investimentos de mais de R$ 3 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e contamos com o apoio da Fundação do Câncer, que nos incluiu na Rede BrasilCord, embora nosso projeto fosse um pouco diferente dos demais. Tivemos também o apoio do prefeito de Lagoa Santa, Fernando Pereira Gomes Neto, que nos doou o terreno. O BSCUP é um sucesso e motivo de orgulho para toda a comunidade de Minas Gerais”, afirmou a presidente.

Crédito: Marcus Ferreira

Presente na solenidade de inauguração, o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, José Geraldo de Oliveira Prado, salientou o esforço de todos os participantes para a concretização do Cetebio, e trouxe uma saudação especial do governador Alberto Pinto Coelho. “O governador é um grande defensor do Vetor Norte. Esse empreendimento na região representa, também, o esforço de desenvolvimento que leva sua marca. Esse é o primeiro evento público que faço como secretário estadual de saúde e vai me levar a ser, por sua grandiosidade e importância, cada vez mais exigente. Espero ampliarmos, ao longo dos próximos meses, esse trabalho. Mãos à obra!”, disse o secretário.

Sob a coordenação do Instituto Nacional do Câncer (INCA), ligado ao Ministério da Saúde, o BSCUP mineiro é o 13º banco a ser inaugurado no país e faz parte da Rede BrasilCord, sendo gerenciado pela Fundação do Câncer, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, presente na solenidade representando o Ministro da Saúde, Arthur Chioro, discorreu sobre a importância da Fundação Hemominas, como parceira nas ações do Ministério da Saúde. “A Hemominas se destaca entre os hemocentros públicos, estando sempre na vanguarda, e é um orgulho pra mim. Não posso deixar de fazer menção a todo o esforço que antecedeu a concretização da Rede BrasilCord. O transplante e o tratamento do câncer são as jóias do SUS e o BSCUP representa um avanço em todos os termos. Se pensarmos que temos menos de 50 anos de democracia e 25 anos de SUS podemos dizer que somos vitoriosos. Somos o segundo país no mundo em transplante de medula óssea, com doadores voluntários. Com esse projeto, temos um ambiente de inovação onde vamos desenvolver conhecimento, fazer pesquisas e realimentarmos o processo”, destacou.

Quem compartilha da mesma opinião é o diretor da Rede BrasilCord, Luis Fernando da Silva Bouzas. “A Rede de Hemocentros foi uma alternativa viável pelo comprometimento e qualidade dos serviços prestados. A criação dos bancos é importante por trazer a determinadas regiões a possibilidade de fixar laboratórios completos e capazes de realização de transplantes de medula óssea. Parabenizo a Hemominas, pois ela é a engrenagem que vai tocar o projeto, levá-lo adiante. Vamos inaugurar mais quatro BSCUPs em outras regiões do Brasil e, com isso, vamos poder atender melhor a população do nosso país que depende do SUS”, afirmou.

Para o diretor geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antônio Santini Rodrigues da Silva, o Cetebio é um caso de sucesso na implantação de políticas públicas do SUS. “Há pouco mais de 20 anos a oferta de sangue no Brasil era vergonhosa. As estruturas eram privadas e havia comércio de sangue. Muitas pessoas vendiam sangue em troca de comida. Num momento importante como esse é bom trazer isso à reflexão, para que reconheçamos o esforço do governo e da sociedade. Vivemos hoje, nesse momento, uma situação especial que segue uma linha de desenvolvimento técnico-científico que se faz estratégica para este projeto, que se firma como um dos pilares da Rede”, enfatizou.

O prefeito de Lagoa Santa, Fernando Pereira Gomes Neto, que se considera um ardoroso defensor do SUS, se compromete com o projeto, do qual é parceiro. “Com esse espírito, gerimos as ações de saúde em nosso município, principalmente na área da saúde. Se a Hemominas é a engrenagem, como disse o Bouzas, podemos nos considerar os trilhos, e estamos sempre a postos para estender essa iniciativa que tanto nos honra”, assegurou.

A deputada estadual Luzia Ferreira, que também é uma defensora da causa, acredita que a inauguração do BSCUP é uma grande conquista para os mineiros. “Esse pode ser a solução de um problema grave. Precisamos valorizar a iniciativa e empenhos dos parceiros neste projeto, que simboliza a modernidade, e a perspectiva de incorporá-la à saúde pública”, disse.  

Após a solenidade de inauguração do BSCUP, houve uma visita técnicas às instalações do Cetebio.

Doação de cordão umbilical

Os processos de captação e triagem clínica do potencial doador e a coleta do sangue do cordão umbilical e placentário serão realizados, a princípio, nas maternidades do Ipsemg e do Hospital Sofia Feldman, que são parceiros da Hemominas nessa iniciativa. De acordo com informações da Fundação do Câncer, as doações só podem ser realizadas em hospitais conveniados, onde existem equipes treinadas para realizar a abordagem e acompanhamento da gestação, além da coleta do material no momento do nascimento do bebê.

As bolsas de sangue de cordão umbilical e placentário coletadas serão encaminhadas ao BSCUP, onde serão avaliadas e, as consideradas adequadas, processadas e armazenadas. As bolsas serão disponibilizadas para pacientes no Brasil e outros países que necessitem desse tipo de transplante, após a realização de testes de compatibilidade.

Para o gestor de Projetos da Fundação do Câncer, Marson Rebuzzi, a diversidade genética brasileira estará contemplada com os materiais recebidos pelos BSCUPs distribuídos pelo Brasil. “Com todos os Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário instalados, vai haver um aumento das chances de conseguirmos doadores não aparentados, o que vai levar a um aumento do número de transplantes. É muito gratificante fazer parte desse programa nacional de combate ao câncer que tanto aflige a população”, explicou.

É importante salientar que, nos bancos públicos, as células coletadas não são reservadas exclusivamente para o doador ou sua família, podendo ser disponibilizadas para qualquer paciente que delas necessitar, dentro ou fora do país, desde que haja compatibilidade. Conforme explicou a coordenadora do Cetebio, Márcia Salomão, “a doação permite a esta família participar de um sistema que possibilita salvar uma vida e, ao mesmo tempo, se eventualmente precisar de um tratamento com células-tronco hematopoéticas, terá a chance de receber de outro doador. A grande maioria dos transplantes que utilizam as células-tronco de sangue de cordão é realizada com células armazenadas em bancos públicos, sendo que mais de 12.000 pacientes no mundo todo já foram tratados desta maneira. Nos bancos públicos brasileiros, os custos são cobertos pelo SUS”, completou.

A doação do cordão umbilical do recém-nascido para um banco público é voluntária, sigilosa e somente é realizada após a autorização materna e não traz nenhum prejuízo à saúde da mãe ou do bebê. “As unidades armazenadas ficam disponíveis para qualquer pessoa que precise de transplante de medula óssea e também podem ser utilizadas em pacientes com leucemia e outras doenças do sangue. Logo, quanto mais cordões armazenados, maior a quantidade de pessoas que podem ser beneficiadas”, afirmou o diretor Técnico-Científico da Fundação Hemominas, Fernando Valadares Basques.

Podem doar o sangue do cordão umbilical:

  • Mães com idade mínima de 18 anos e máxima de 37 anos
  • Que estejam com mais de 35 semanas de gestação
  • Que tenham feito pelo menos duas consultas de pré-natal
  • Que não tenham tido problemas na gestação
  • Que se encaixem nos demais critérios estabelecidos pelas normas técnicas vigentes

Cetebio

Composto pelo Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP), Banco de Medula Óssea (BMO), Banco de Pele (BP), Banco de Sangues Raros (BSR), Banco de Tecidos Musculoesqueléticos (BTME), Banco de Membrana Amniótica (BMA) e Banco de Tecidos Cardiovasculares (BTCV), o Cetebio é um projeto do Governo de Minas, que será o maior Centro Público Integrado de Tecidos Biológicos da América Latina.

Localizado em Lagoa Santa, (Rua Goiabeiras, nº 779, Distrito Industrial Genesco Aparecido de Oliveira), o Cetebio é a primeira iniciativa no Brasil a integrar diversos bancos de tecidos e células em uma única estrutura física e organizacional. “Tal estrutura otimiza os  processos, reduz custos, facilita a logística, permite maior compartilhamento de conhecimentos e promove  processos seguros e  totalmente rastreáveis”, afirmou a coordenadora Márcia Salomão.

Crédito: Marcus Ferreira

O Cetebio atuará na captação, seleção, coleta, processamento, armazenamento e distribuição de tecidos e materiais biológicos seguros e de alta qualidade técnica. Os tecidos serão coletados de doadores vivos e não vivos e destinados aos hospitais autorizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Envolvendo procedimentos de alta complexidade, o Cetebio irá disponibilizar à comunidade médica, células e tecidos biológicos coletados e processados segundo critérios de qualidade internacionais e normas técnicas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Parcerias

O Cetebio é resultado das iniciativas de inovação tecnológica e pesquisa da Fundação Hemominas em parceria com o Ministério da Saúde (MS), Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Prefeitura de Lagoa Santa, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Secretaria de Estado de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES-MG), Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), MG Transplantes, Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Mais informações:

Assessoria de Comunicação Social (31) 3768-7440 / 7455

Por ACS/Hemominas