Em solenidade na tarde desta terça-feira (27), a Maternidade Odete Valadares (MOV), da Rede Fhemig, recebe a certificação oficial do Ministério da Saúde como referência estadual para o Método Canguru.

A obtenção do certificado se deu em razão do hospital ter obtido avaliação positiva no processo que apurou a sua capacidade técnica, operacional e de formação de recursos humanos para a adoção e a disseminação do “Programa de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso” (Método Canguru).

O evento conta com a presença das tutoras do Método na Maternidade, bem como da consultora da área técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde em Belo Horizonte, Vânia Rocha, do diretor do hospital, Carlos Nunes Senra, do presidente da Rede Fhemig, Antonio Carlos de Barros Martins, dentre outras autoridades.

 

Protagonismo

Protagonista na adoção do Programa no Estado de Minas Gerais, a Maternidade Odete Valadares utiliza a metodologia Canguru desde o início dos anos 2000. A prática adquirida pela instituição, ao longo da última década, propiciou o desenvolvimento de trabalhos científicos com a temática canguru, evidenciando-se, assim, a contribuição da Rede Fhemig para o aperfeiçoamento do método.

O presidente da Rede Fhemig, Antonio Carlos de Barros Martins, ressalta que, ao investir em metodologias capazes de promover a redução das taxas de mortalidade neonatal, e de maneira especial, ao assumir a responsabilidade pela formação dos multiplicadores do Método Canguru em Minas Gerais, a Maternidade Odete Valadares adquire um papel determinante para a promoção da saúde pública em todo o Estado.

Com a certificação, a Maternidade Odete torna-se a responsável pela disseminação do Método Canguru no Estado. Para realizar este objetivo, a instituição conta com uma equipe composta por quatro profissionais treinados pelo Ministério da Saúde para atuarem como tutores em Minas Gerais. Desse modo, a formação de todos os demais tutores que irão atuar na própria MOV e nas diversas cidades mineiras cabe à equipe da Maternidade, estabelecendo-se, assim, uma rede de ação através da qual os novos tutores se tornam multiplicadores do método em sua localidade de origem.
Muito antes da enfermaria

A médica e uma das disseminadoras do Método, Sandra Ornelas, salienta que a prática Canguru não começa na enfermaria, mas muito antes, ainda no pré-natal. Segundo Ornelas, a sensibilização das mulheres para a adesão à metodologia deve se dar no momento da identificação da gestação de risco, diante da possibilidade da prematuridade. Desse modo, quando der entrada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neonatal), o bebê já vai estar integrado ao método.

Benefícios

Os benefícios de se adotar a prática Canguru são altamente relevantes, haja vista que promove o vínculo mãe/filho, o incentivo ao aleitamento materno, a redução das taxas de infecção neonatal, a diminuição do tempo de internação hospitalar e o respectivo aumento da rotatividade dos leitos de UTIN. Além disso, ele promove a estabilidade da temperatura do corpo da criança, a diminuição do choro, bem como mais segurança e envolvimento da mãe nos cuidados com o bebê.

Para o diretor da Maternidade, Carlos Senra, o empenho de toda a equipe envolvida na prática Canguru é um sinal inequívoco de que a Rede Fhemig e a MOV têm plena consciência do seu papel no amplo contexto da Saúde da Criança e da Gestante e que agem, em sua rotina de assistência à parturiente e ao neonato, como verdadeiros promotores da saúde pública mineira.
Envolver o grupo familiar

Outro aspecto importante é que a adoção da metodologia Canguru não é exclusiva das mães, ela se estende aos pais e aos parentes mais próximos (como os avós), haja vista que o contato, gradual, pele a pele com o bebê prematuro, possibilita um maior vínculo afetivo.

Prematuridade

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2010, nasceram 15 milhões de bebês prematuros (abaixo de 37 semanas de gestação) em todo o mundo. Neste cenário, o Brasil ocupa a décima posição no ranking das nações com as mais altas taxas de nascimento de crianças pré-termo.

Em território nacional, de acordo com as informações do Ministério da Saúde, a prematuridade é a principal causa de morte no primeiro mês de vida. Considerando-se que a taxa brasileira de óbitos de crianças menores de um ano de idade é de 16/1000 nascidos vivos e que, aproximadamente, 70% das mortes se dão nos primeiros 28 dias de nascimento, fica clara a importância da adoção do Método Canguru como forma efetiva de promover a redução das taxas de mortalidade neonatal.

A adoção do programa integra-se à Política Nacional de Saúde e reflete a mudança de paradigma da atenção perinatal, ao promover a interrelação entre os avanços tecnológicos e a atenção humanizada. É importante explicitar que o Método Canguru privilegia o trabalho multiprofissional e tem como base quatro fundamentos básicos: acolhimento ao bebê e sua família, respeito às singularidades, promoção do contato pele a pele (posição canguru) e o envolvimento da mãe nos cuidados com o filho.

Implantação no país

A metodologia canguru teve início na Colômbia, em 1979, e visa, entre outros objetivos, priorizar o contato prolongado entre mãe e filho. No Brasil, o método “mãe canguru” foi implantado quase duas décadas depois, no ano de 1997. Nos três anos seguintes, o Ministério da Saúde regulamentou a temática ao estabelecer a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso, o que possibilitou o desenvolvimento e a disseminação do Método na Rede Pública de Saúde.

Por Jornalismo FHEMIG