Nesta quinta-feira, 14/11, ocorreu, no auditório da FUMEC, em Belo Horizonte, o terceiro e último dia do Seminário Estadual de Arboviroses de Minas Gerais. Na ocasião, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e líder do World Mosquito Program (WMP), iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos, Luciano Moreira, apresentou os avanços do Método Wolbachia no enfrentamento ao Aedes aegypti.

Crédito: Marcus Ferreira

“A Wolbachia é um microrganismo presente naturalmente em outros insetos e que, quando presente nas células do Aedes aegypti, não permite um bom desenvolvimento do vírus, auxiliando, assim, a reduzir a transmissão de doenças como zika, chikungunya e dengue”, explicou o pesquisador.

De acordo com os relatórios do programa, uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos que, naturalmente, possuirão a bactéria em seu organismo. “O monitoramento a longo prazo em todos os ambientes em que o projeto tem atuado demonstra que a Wolbachia é autossustentável e se mantém em altos níveis de estabelecimento, mesmo que após anos do fim das liberações de mosquitos. Em áreas onde há registro de altos níveis de Wolbachia, não há evidências de transmissão local de dengue e demais doenças”, pontuou Luciano.

World Mosquito Program

O WMP atualmente opera em 12 países. No Brasil, atua desde 2012 e é conduzido pela Fiocruz, com apoio do Ministério da Saúde. Os projetos pilotos são realizados nas cidades de Niterói e Rio de Janeiro e a previsão é que em breve sejam expandidos para os municípios de Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS) e Petrolina (PE). “Atualmente, possuímos uma abrangência de cerca de 1,2 milhão de pessoas e a estimativa é que até 2021 alcancemos mais de 2 milhões de indivíduos”, afirma Luciano Moreira.

O programa conta com uma capacidade de produção de até quatro milhões de ovos de mosquito por semana e a liberação desses mosquitos é feita durante 16 semanas. Após avaliação prévia sobre as condições dos mosquitos, mais liberações pontuais podem ocorrer. “A liberação dos mosquitos no Rio de Janeiro e Niterói é feita pela equipe do WMP com o apoio dos agentes de saúde destes municípios. Já nas cidades de Belo Horizonte, Campo Grande e Petrolina, ela será realizada pelas equipes das prefeituras que serão acompanhadas do gestor local do programa”, explicou.

Eixo Vigilância Entomológica

Posteriormente, o chefe do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores da Fiocruz, José Bento Pereira Lima, palestrou sobre as novas alternativas no controle vetorial. “O controle de vetores é fundamental para ocorrer um efetivo bloqueio de transmissão e, consequentemente, haver redução de casos de doenças. Investir nessas novas alternativas, como a Wolbachia, é investir em saúde pública”, afirmou.

O professor do departamento de saúde coletiva da Universidade de Brasília, Jonas Lotufo Brant, abordou sobre a importância do sistema de informações para a vigilância em saúde e a pesquisadora adjunta em Saúde Pública da Fiocruz, Taynãna César Simões, discorreu sobre o ArboAlvo, projeto voltado para o desenvolvimento de metodologias de estratificação de risco de transmissão de arboviroses de áreas endêmicas, com foco em dengue, zika e chikungunya. “Por meio do projeto visamos o fortalecimento da vigilância local, bem como a construção de propostas adequadas às capacidades operacionais dos serviços locais”, afirmou.

Por Paula Gargiulo

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