A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência de Vigilância Sanitária (VISA-MG), promoveu nesta segunda-feira (04/11), no Auditório do prédio sede da COPASA, em Belo Horizonte, um seminário para discutir a preparação de resposta do setor saúde ao rompimento de barragens de mineração em âmbito estadual. O evento lembrou os desastres ocorridos em Mariana e Brumadinho e buscou discutir a atuação dos órgãos envolvidos de forma a aprimorar a atuação do poder público nesse tipo de ocorrência. Além de técnicos da SES-MG, participaram do encontro referências técnicas de municípios e representantes de entidades como Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), Coordenação Estadual de Defesa Civil (Cedec), Instituto de Gestão das Águas (IGAM) e Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM).

Crédito: Marcus Ferreira

De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Dario Brock Ramalho, o seminário representa um espaço para que o Estado possa construir um alinhamento necessário para que a resposta a desastres como o rompimento de barragens possa ter a maior efetividade possível. “Ninguém deseja que haja situações graves como as que tivemos em Mariana e Brumadinho, isso para citar aquelas que tiveram maior proporção. Mas devemos montar esses planos para que a nossa mobilização seja melhor, caso aconteça novamente. Em Minas, nós temos municípios com uma boa capacidade de resposta, mas em localidades menores há dificuldades. Essa é uma realidade que temos que enfrentar, fazendo com que essa resposta em nível local seja cada vez mais rápida”, avaliou.

Para o representante da Coordenação Geral de Emergência em Saúde Pública do Ministério da Saúde, Renato Alves, a palavra-chave no enfrentamento de desastres é treinamento. “Os treinamentos constituem ações efetivas, uma vez que, se não for possível evitar os eventos com consequências severas, que tenhamos os grupos de resposta bem preparados, sobretudo no nível local, como foi ressaltado”, destacou. 

O superintendente de Vigilância Sanitária, Felipe La Guardia, explicou que o seminário ocorre em um momento de reestruturação da SES-MG, no qual a VISA-MG passa a ter algumas competências relativas à atuação em casos de rompimentos de barragens. “É nesse contexto que preparamos este seminário, de forma a aperfeiçoar nossos mecanismos de atuação, em meio a essa modificação funcional. Nosso intuito é continuar o relacionamento junto a outros órgãos que atuam no manejo dessas graves situações, de modo que possamos construir um sistema cada vez mais forte”.

A major Karla Lessa, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), ressaltou que iniciativa é de grande relevância, uma vez a atuação envolve agentes de vários órgãos, havendo uma interdisciplinaridade natural. “Em momentos como este, conseguimos obter informações técnicas adequadas para avaliar um determinado risco e nossa forma de atuação em face dele, bem como ter a dimensão também do que é necessário implementar sob o ponto de vista desses trabalhadores que estão diretamente envolvidos. Podemos, então, discutir as ações voltadas para a população em geral, como para a saúde desses profissionais também, trabalhando em conjunto nas avaliações e trocando experiências sobre a reconstrução dessas localidades que enfrentaram os rompimentos de barragem”.

Danos à saúde

Além dos aspectos ambientais e econômicos, o rompimento de barragens é responsável por diversas formas de danos à saúde da população afetada. Foi o que destacou Mariano Andrade da Silva, do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde. “Essas pessoas geralmente ficam sob risco de ter sua integridade física sob risco, por conta de fraturas e lesões. Posteriormente, há o risco de contaminação pelos rejeitos, que podem afetar tanto a água, quanto os alimentos, por exemplo. Por fim, por conta de sua deterioração econômica, com perda de renda e postos de trabalho, ficam com sua saúde mental em estado de vulnerabilidade”.

O pesquisador apontou correlação entre os desastres e o aumento de agravos infecciosos, bem como maior ocorrência de casos de acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo. “A atuação da saúde pública é constante, envolvendo vários níveis de atenção. O planejamento das ações não envolve apenas um único aspecto”.

Programação

O evento prossegue, na parte da tarde, discutindo não só a questão dos rompimentos de barragens de mineração, mas também abordando a experiência da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia na vigilância de desastres. Também participarão das mesas de discussão representantes do Ministério Público de Minas Gerais, Secretarias Municipais de Saúde de Brumadinho e de Barão de Cocais e ainda da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Por Ramon Oliveira

Enviar para impressão