O reforço das ações de mobilização visando conscientizar a população sobre a importância da vacinação contra doenças que podem ser evitadas, por meio de imunobiológicos fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi o tema dominante nesta quarta-feira, 11/9, durante a realização, em Montes Claros, do Seminário Vigilância Epidemiológica, Resposta às Emergências em Saúde Pública. Organizado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais  (SES-MG) o encontro, realizado no auditório da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), contou com a participação de mais de 200 profissionais de saúde atuantes em municípios jurisdicionados às regionais de saúde de Montes Claros, Januária e Pirapora.

Crédito: Pedro Ricardo

Na abertura do seminário a superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques, advertiu que o alinhamento de informações entre a SES-MG e os municípios se constitui em uma iniciativa de fundamental importância, levando-se em conta a necessidade dos profissionais de saúde intensificarem as ações de busca ativa da população para vacinação contra doenças que podem ser evitadas.

“Precisamos superar o desafio de fazer com que a população se conscientize sobre a importância das vacinas. Isso porque, sem que as coberturas vacinais alcancem os percentuais mínimos, a população estará vulnerável e, consequentemente, em casos de ocorrência de surtos os serviços de saúde ficarão sobrecarregados”, alertou Dhyeime Marques.

Lucimar Cristiane Pimenta e Bruno Pinheiro de Carvalho, diretores de vigilância epidemiológica e assistência à saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, também reforçaram a importância de a população ser conscientizada sobre a necessidade de ser imunizada contra doenças que haviam desaparecido e que estão voltando a serem notificadas no país.

“Estamos numa situação de emergência e o retorno de doenças que estavam sobre controle estão preocupando vários países, inclusive os profissionais de saúde do Brasil. Por isso, a iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde em alinhar informações e ações com os municípios é importante para que os profissionais de saúde possam trocar experiências e se preparem para as situações de emergência que podem vir a acontecer”, destacaram os representantes da Secretaria de Saúde de Montes Claros.

Notificação imediata

Ao proferir palestra sobre Situação Epidemiológica e Plano de Contingência para Resposta às Emergências em Saúde Pública, a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador (Nuveast), da Regional de Saúde de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, frisou que a atuação dos profissionais  que trabalham nos serviços de atenção primária é importante no sentido de identificar os casos suspeitos de sarampo e fazer a notificação imediata a fim de que as ações de bloqueio sejam agilizadas.

“Em situação de suspeita de sarampo todos os pacientes devem ser monitorados e, pelo fato de ser uma doença de alto índice de transmissão, os serviços de vigilância epidemiológica precisam estar alertas de forma contínua, monitorando as condições de risco”, reforçou Agna Soares.

A coordenadora do Nuveast lembrou que os casos de sarampo notificados no país estão aumentando desde o ano passado, devido ao baixo índice de cobertura vacinal da população. Além de pessoas com idade até 29 anos, as crianças estão no grupo de pessoas mais acometidas pela doença o que reforça a necessidade de a população ser vacinada a fim de reduzir os riscos de disseminação do sarampo.

No boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira, 11/9, pela SES-MG aponta que desde o início de 2019 foram notificados 489 casos suspeitos de sarampo provenientes de 135 municípios no estado de Minas Gerais. Destes, 183 foram descartados, 288 estão em investigação e 18 casos foram confirmados em pessoas residentes nos municípios de Belo Horizonte, Contagem e Betim.

Sintomas

Também reforçando a importância do aumento da cobertura vacinal da população contra doenças que podem ser evitadas por meio de imunização, o médico Marcelo Guimarães Pereira, referência técnica da Regional de Saúde de Montes Claros em imunobiológicos especiais e eventos adversos pós-vacina, lembrou que os profissionais de saúde precisam se preparar para notificar com qualidade e rapidez os casos de sarampo. “Pelo fato de ser uma doença de alto índice de transmissão e mortalidade, as ações de bloqueio precisam acontecer com agilidade. Além disso, pelo fato do sarampo ser uma doença totalmente evitada por meio de vacina disponível gratuitamente nas unidades de saúde, não tem sentido voltar a acontecer no país um novo grande surto da doença, como ocorreu a partir de 1986”, acrescentou Marcelo Guimarães.

O médico explicou que os profissionais de saúde precisam estar alertas no atendimento de pacientes com sintomas de sarampo: febre, tosse, coriza, conjuntivite e manchas brancas no interior da boca, sendo cada uma rodeada de um anel vermelho.

Além do sarampo, o seminário abordou a resposta às emergências em saúde pública voltadas para os casos de coqueluche, gripe influenza e meningites. Os temas foram apresentados pelas referências técnicas da SES-MG, Mônica Rochido Azevedo, que falou sobre imunização e bloqueio vacinal; e Núbia Pereira da Silva, que abordou como os profissionais de saúde devem proceder a coleta e o envio de amostras para exames no Laboratório Macrorregional sediado em Montes Claros.

Já o fluxograma para atendimento de casos suspeitos de sarampo foi apresentado pela coordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Mara Ribeiro e os médicos, Mariano Fagundes Neto e Tiago Soares Fonseca, falaram sobre a clínica, tratamento e quimioprofilaxia da coqueluche, meningites e da gripe influenza.

Por Pedro Ricardo