O Sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, grave, transmissível, altamente contagiosa e comum na infância. A doença começa inicialmente com febre, exantema (manchas avermelhadas que se distribuem de forma homogênea pelo corpo), sintomas respiratórios e oculares.

No quadro clínico clássico, as manifestações incluem tosse, coriza, rinorréia (rinite aguda), conjuntivite (olhos avermelhados), fotofobia (aversão à luz) e manchas de koplik (pequenos pontos esbranquiçados presentes na mucosa oral). A evolução da doença pode originar complicações infecciosas com amigdalites (mais comum em adultos), otites (mais comum em crianças), sinusites, encefalites e pneumonia, que podem levar à óbito. As complicações frequentemente acometem crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

A transmissão ocorre de pessoa a pessoa por meio de secreções (ou aerossóis) presentes na fala, tosse, espirros ou até mesmo respiração. Na presença de pessoas não imunizadas ou que nunca apresentaram sarampo, a doença pode se manter em níveis endêmicos, produzindo epidemias recorrentes.

Desde o início de 2019 foram notificados 310 casos suspeitos de sarampo provenientes de 110 municípios no estado de Minas Gerais. Destes, 159 foram descartados, 138 estão sob investigação e 13 casos foram confirmados.

O primeiro caso confirmado é de um italiano, residente em Betim, com história de viagem recente à Croácia e à Itália nos meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019. As ações de bloqueio vacinal e pesquisa diagnóstica foram iniciadas pelas equipes da vigilância local. O paciente foi hospitalizado e amostras laboratoriais foram coletadas, apresentando positividade para sarampo tanto na FUNED/MG, quanto no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ). O genótipo identificado na amostra do italiano foi o D8, que está distante geneticamente dos casos de D8 identificados nos demais surtos de 2018 no Brasil. Sendo assim, esse caso é considerado importado.

O segundo caso confirmado é de um adulto jovem, de 25 anos, profissão gesseiro, sem comprovante vacinal, residente em Contagem e que saiu de Trindade (PE) no final de janeiro. Foi atendido em UPA da capital e hospitalizado com suspeita de dengue, mas com clínica compatível com sarampo. No período de transmissibilidade, trabalhou em condomínio fechado em um município da região metropolitana da capital. Não possui história evidente de contato suspeito. Os sintomas iniciaram em 01 de março. Foi realizada a investigação e realização de exame, confirmando laboratorialmente como sarampo, nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ) com resultado detectável. O genótipo identificado na amostra foi o D8, com características do genótipo do italiano. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares. Esse caso é considerado autóctone, porém relacionado ao caso importado.

O terceiro caso é de uma criança de 01 ano, vacinada em 13/11/18, residente em Belo Horizonte, com início de sintomas em 12/02/19. Foi atendido em UBS da capital, transferido à UPA e hospitalizado. Teve deslocamento para a cidade de Carmópolis de Minas e para a casa da avó, em Contagem (no período de incubação da doença); estuda em UMEI, foi à UBS local no período de transmissibilidade e não possui história evidente de contato suspeito. Foram realizados bloqueio vacinal e intensificação no quarteirão de sua residência, na escola e em familiares. Apresentou resultado reagente de sorologia na primeira amostra. Já na segunda amostra, apresentou não reagente. No PCR apresentou resultado detectável para sarampo na Biologia Molecular pelo laboratório da Fiocruz/RJ, porém também não foi possível identificar o genótipo.

O caso também é considerado autóctone, possivelmente relacionado aos casos anteriores, de acordo com o período de transmissibilidade.

O quarto caso confirmado é de uma adolescente, 13 anos, portadora de Lúpus, residente em Belo Horizonte. Esteve em Porto Seguro-BA e Almenara-MG no mês de janeiro. Por apresentar quadro de artralgia, procurou por atendimento em hospital de Contagem em 17 de fevereiro de 2019 e o resultado foi reagente para dengue. Em 06 de março, apresentou sintomas compatíveis com caso suspeito de sarampo e procurou uma Unidade de Pronto Atendimento de Contagem. Foi orientada a buscar atendimento em Belo Horizonte, onde foi hospitalizada em isolamento. Foi realizada a investigação e realização de exame, confirmando laboratorialmente como sarampo nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ) com resultado detectável. Por impossibilidade técnica, não foi possível identificar o genótipo da amostra enviada. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares e na UPA onde ocorreu o primeiro atendimento. Esse caso também é considerado autóctone, possivelmente relacionado aos casos anteriores, de acordo com o período de transmissibilidade.

Nas últimas semanas outros 09 casos foram confirmados, sendo que todos são residentes em Uberlândia. Estes casos foram confirmados pelo critério clínico-epidemiológico, isto é, apresentaram sinais e sintomas característicos da doença e têm histórico de contato direto com o caso de sarampo confirmado. Todos os doentes realizaram exames laboratoriais preconizados pelo Ministério da Saúde, ainda não finalizados e continuam em processo de investigação laboratorial junto a FUNED. O caso índice desta cadeia, ou seja, quem transmitiu a doença, é um trabalhador que realiza a manutenção de equipamentos de laboratório junto a estabelecimentos de saúde do Triângulo Mineiro e Sul de Minas, proveniente da cidade de Araras-SP, que foi confirmado laboratorialmente por RT-PCR realizado no Instituto Adolf Luz/SP.

Dos 138 casos que se encontram em investigação, existem 07 casos que muito provavelmente serão confirmados, mas que ainda necessitam percorrer etapas da investigação e protocolos que impedem esta classificação até o momento. Trata-se de um caso do município de Viçosa, outro doente de Uberlândia, um de Passos, um de Itaúna, um de Jundiaí-SP atendido na capital, um de Pouso Alegre e um de Juiz de Fora. Estes casos possuem os exames iniciais (sorologia IgM do Sarampo) reagentes, apresentaram sintomas compatíveis com a suspeita e tiveram contato com pessoas suspeitas ou residentes de cidades do estado de São Paulo. Após coleta e liberação de resultado da segunda amostra de soro e análise minuciosa das investigações, os mesmos serão finalmente classificados. Vale ressaltar que em todos os casos suspeitos, o bloqueio vacinal foi realizado, contribuindo para a interrupção da cadeia de transmissão e não aparecimento de casos secundários.

Ações da SES-MG

Em maio, diante da volta da circulação do vírus do sarampo no território nacional, a SES-MG elaborou um Plano de Contingência para Resposta às Emergências em Saúde Pública do Sarampo. O objetivo foi planejar, executar e avaliar medidas de prevenção e de controle em tempo oportuno, a partir da notificação de possíveis casos de sarampo. O Plano de Contingência do Sarampo se justificou diante da necessidade da prevenção e sustentabilidade da eliminação do sarampo no território, já que o cenário no estado reforçou a importância da antecipação das esferas de governo ao enfrentamento de eventuais epidemias de sarampo. O documento teve como objetivo sistematizar as ações e os procedimentos sob a responsabilidade do estado, de modo a apoiar, em caráter complementar, as ações dos municípios.

» Clique aqui e acesse o Boletim Epidemiológico do Sarampo em Minas Gerais.

Por Jornalismo SES