O Ministério da Saúde (MS), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e a Novartis Brasil, realiza do dia 10 a 13/06, o projeto ‘Roda-Hans’. O objetivo é capacitar os profissionais da Atenção Primária para realizar o diagnóstico da hanseníase e novos casos, além de informar a população sobre os aspectos clínicos e sociais da doença.

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A capacitação teórica sobre a hanseníase, realizada no dia 10, no auditório da Faculdade Alfa, em Almenara, reuniu 93 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de laboratório e farmacêuticos bioquímicos, além de representantes de 18 municípios da Regional de Saúde de Pedra Azul. Na ocasião, eles puderam debater e esclarecer dúvidas sobre a doença. Já nos dias 11, 12 e 13 será realizado em Almenara, Jequitinhonha e Itaobim, respectivamente, o atendimento de pacientes na carreta da hanseníase, que conta com cinco consultórios e um laboratório para teste laboratorial (baciloscopia).

A referência técnica de hanseníase da Regional de Pedra Azul, Maria da Glória Botelho Reyna, explicou que a hanseníase é um problema nacional de saúde pública, sendo que, em 2018, a Regional de Saúde de Pedra Azul apresentou a maior taxa de detecção geral de Minas Gerais, com 19,56 casos por 100 mil habitantes, sendo quase quatro vezes maior que a taxa do Estado, que é de 4,92%. “Do total de 62 casos novos diagnosticados, 72,6% são multibacilares, portanto, transmissores da infecção. Temos, na nossa região, altas taxas de detecção, aliadas a casos novos em menos de 15 anos e alto percentual de bacilíferos, o que mostra a magnitude da endemia na região e o grande desafio proposto para gestores e profissionais de saúde no combate à doença”, enfatizou a referência técnica.

O médico e professor de dermatologia da Universidade de Brasília (UnB) e representante do Ministério da Saúde, Ciro Martins Gomes, explicou que o projeto é importante, pois prepara os profissionais para realizar o diagnóstico precoce da doença. “No primeiro dia, iniciamos com uma capacitação teórica que consiste, principalmente, na questão do reforço do diagnóstico. Nos dias posteriores, fazemos uma capacitação, in loco, principalmente com contactantes de pacientes com hanseníase, que são aqueles que têm mais riscos de desenvolver a doença. É nesse momento que iremos aplicar os conceitos teóricos, orientando os profissionais de saúde e realizando os diagnósticos”, instruiu. A carreta também realizará o atendimento de pessoas que apresentem manchas, que tenha algum nervo espessado, ou dormência nas mãos ou pés, principalmente se tiver históricos de hanseníase na família.

O fisioterapeuta do município de Jacinto e monitor da hanseníase, Frederico Carvalho, abordou o estudo da prevenção de incapacidades por meio da avaliação neurológica simplificada. “Essa avaliação é um monitoramento da função neural. Isso é importante na Atenção Primária, visto que o diagnóstico precoce irá prevenir deformidades, incapacidades e vai poder orientar o tratamento. Importante destacar que hanseníase é uma doença neurológica, que acomete a pele, mas principalmente os nervos”, justificou. Já a enfermeira do município de Palmópolis e monitora da hanseníase, Tânia Soares, tratou sobre busca ativa, diagnóstico precoce, avaliação de contatos, a dose supervisionada do medicamento e a ficha de notificação.

Já o médico do município de Almenara, Arnaldo Silva, defendeu a necessidade de qualificação permanente dos profissionais da Atenção Primária e realizou uma apresentação explicando os sintomas da doença e o tratamento. Também participaram da capacitação o diretor da Regional de Saúde de Pedra Azul, Francisco Carvalho, e a referência médica de hanseníase da Regional, Olívia Helena Veiga Rafael.

Por Allan Campos