Diante da volta da circulação do vírus do sarampo no território nacional, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) elaborou um Plano de Contingência para Resposta às Emergências em Saúde Pública do Sarampo. O objetivo é planejar, executar e avaliar medidas de prevenção e de controle em tempo oportuno, a partir da notificação de possíveis casos de sarampo.

Em Minas Gerais, desde o início de 2019 até o momento, foram notificados 109 casos suspeitos de sarampo, provenientes de 44 municípios no estado de Minas Gerais. Desses, 93 foram descartados, 13 estão sob investigação e 3 casos foram confirmados, sendo um importado. “O Plano de Contingência do Sarampo tem sua justificativa diante da necessidade da prevenção e sustentabilidade da eliminação do sarampo no território. O cenário no estado reforça a importância da antecipação das esferas de governo ao enfrentamento de eventuais epidemias de sarampo. Esse documento tem como objetivo sistematizar as ações e os procedimentos sob a responsabilidade do estado, de modo a apoiar, em caráter complementar, as ações dos municípios”, explica o coordenador de Doenças e Agravos Transmissíveis, Gilmar Rodrigues.

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A doença

O sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, grave, transmissível de pessoa a pessoa por meio de secreções (ou aerossóis) presentes na fala, tosse, espirros ou até mesmo respiração. Dessa forma, é uma doença com alto potencial de contágio e comum na infância. O sarampo começa inicialmente com febre, exantema (manchas avermelhadas que se distribuem de forma homogênea pelo corpo), sintomas respiratórios e oculares.

Ainda segundo Gilmar Rodrigues, ao apresentar os sintomas, as pessoas precisam procurar imediatamente uma unidade de saúde para seu estado de saúde ser avaliado e elas receberem atendimento. “No sarampo, além da febre e exantema, a pessoa também pode apresentar tosse, coriza, conjuntivite e manchas brancas que aparecem na parte interna da boca, conhecidas como sinal de Koplik”, detalha o coordenador.

Não há tratamento específico para o sarampo, apenas para os sintomas que surgem com a doença. O paciente deve ser hidratado, alimentado e ter a tosse e a febre controladas por medicamentos. O paciente também deve estar em isolamento hospitalar ou domiciliar durante o período de transmissibilidade e ter acompanhamento médico e epidemiológico por trinta dias. Para diagnóstico, além da análise dos sintomas e manifestações cutâneas, exames de sangue (sorologia), de urina e/ou secreção nasofaríngea (isolamento viral) deve ser realizado.

Prevenção

A única forma de se prevenir contra o sarampo é por meio da vacinação. “A vacina é segura e eficaz na prevenção da doença. Por isso, a principal ação da SES-MG para impedir o avanço da doença é manter a população protegida por meio da vacinação, mobilizando esforços para garantia de altas coberturas vacinais”, reforça a coordenadora de Imunizações da SES-MG, Josianne Dias Gusmão.

créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tanto a Tríplice Viral, que protege contra o sarampo, a rubéola e a caxumba, quanto a Tetra Viral, que protege contra o sarampo, a rubéola, a caxumba e a varicela (catapora), fazem parte do calendário de vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e estão disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de forma regular e contínua.

O esquema vacinal vigente é de duas doses com componente sarampo para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade, sendo uma dose da Tríplice Viral aos 12 meses de idade e uma dose da tetra viral aos 15 meses de idade. Para ser considerada protegida, uma pessoa de até 29 anos deverá ter duas doses comprovadas em caderneta de vacinação. Já para pessoas de 30 a 49 anos de idade, é necessário ter uma dose da Tríplice Viral.

Cenário no estado

Em 2019, o primeiro caso confirmado em Minas Gerais, importado, refere-se a um italiano, morador de Betim, com histórico de viagem recente à Croácia e à Itália nos meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019. As ações de bloqueio vacinal e pesquisa diagnóstica foram oportunamente realizadas pelas equipes das vigilâncias locais.

O outro caso confirmado é de um adulto jovem, 25 anos, sem comprovante vacinal, residente no município de Contagem. Esteve em Trindade (PE) em fevereiro de 2019. Foi atendido na UPA da capital e hospitalizado com suspeita de dengue, mas com clínica compatível com sarampo. No período de transmissibilidade trabalhou em condomínio fechado em um município da região metropolitana da capital. Sem história evidente de contato suspeito. Os sintomas iniciaram em 01 de março. Foi realizada a investigação e realização de exame, confirmando laboratorialmente como sarampo nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ). Devido à impossibilidade técnica, não foi possível identificar o genótipo da amostra enviada. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares.

O terceiro caso confirmado é de uma adolescente, 13 anos, portadora de Lúpus, residente em Belo Horizonte. Esteve em Porto Seguro-BA e Almenara no mês de janeiro. Apresentava no cartão de vacinação uma dose de tríplice viral em 2011. Procurou por atendimento em hospital de Contagem no dia 17 de fevereiro de 2019, com queixa de artralgia. Realizou testagem para dengue, com resultado positivo. Em 06 de março, apresentou sintomas compatíveis com caso suspeito de sarampo, procurou uma Unidade de Pronto Atendimento de Contagem, foi orientada a buscar atendimento em Belo Horizonte, onde foi hospitalizada em isolamento. Foi realizada a investigação e realização de exames, confirmando laboratorialmente como sarampo, nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ). Devido à impossibilidade técnica, não foi possível identificar o genótipo da amostra enviada. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares e na UPA onde ocorreu o primeiro atendimento.

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Por Ana Paula Brum