A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) realizou a aula inaugural do Curso de Qualificação em Saúde dos Trabalhadores do Sistema Prisional de Minas Gerais. A ação educacional é uma parceria com a Secretaria de Estado de Administração Prisional do Estado de Minas Gerais (SEAP-MG), destinada aos trabalhadores das unidades prisionais que, além da custódia, atuam com atendimento médico-hospitalar.

A aula contou com a presença da diretora-geral da ESP-MG, Lenira Maia, da superintendente da ESP-MG, Maria Gabriela Diniz, Anísia Chaves, coordenadora do curso, Gleisson de Campos e Michely Andrade Henriques (SEAP-MG). A primeira aula com o tema "Saúde e Trabalho no Sistema Prisional", foi ministrada pela professora Andréa Maria Silveira, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Atuação e cuidado

Francisco Paschoal, agente que atua no Hospital de Toxicômonos Padre Wilson Vale da Costa, em Juiz de Fora (Zona da Mata), aponta que o curso é uma oportunidade de ampliar seus conhecimentos e trocar experiências sobre as unidades médicas periciais. “Minhas expectativas são as melhores possíveis, pois a grade é bem completa, tem uma gama bem ampla de assuntos que serão tratados que vão desde a questão da nossa relação com os internos e com os demais servidores entre as próprias carreiras que existem dentro de uma unidade prisional”, disse.

Cíntia Martins Pinto, técnica em enfermagem, também da mesma unidade em Juiz de Fora, disse que os temas trazem a visão daquilo que eles lidam diariamente, mas com outra visão. “Precisamos de uma terceira pessoa que consiga abrir o nosso olhar para um outro tipo de atuação dentro do sistema. Isso foi muito importante, acredito que não só para mim, mas para as nossas carreiras. Foi muito focado nessa parte do cuidado e do respeito. E acho que essa nossa atuação lá dentro tem que ser mantida com todos esses parâmetros de respeito, cuidado, interligação e interdependência”, disse.

Ela destacou ainda a necessidade de quem trabalha no sistema prisional aprofundar no trabalho e tirar visões equivocadas de quem é de fora. “Espero me aperfeiçoar mais na minha área. Eu tinha uma visão um pouco distorcida da relação do cuidado. Quando eu entrei para o sistema prisional, em 2013, eu achava que lá o meu cuidado deveria ser exclusivamente voltado para o sentenciado. Essa aula de hoje fez quebrar essa visão, nós também precisamos de cuidado”, afirma.

Ainda durante as aulas, os alunos foram apresentados à exposição fotográfica “Mães do Cárcere”, projeto do Leo Drumond com as mulheres privadas de liberdade do Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano (Região Metropolitana de Belo Horizonte).

Parcerias

As aulas seguem no próximo ano com a parceria do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (UFMG), da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (UFMG), da Faculdade de Medicina (UFMG) e da Fundação João Pinheiro (FJP). A previsão é que até 2020, cerca de 400 trabalhadores da SEAP sejam qualificados.

 

Por Sílvia Amâncio / ESP-MG