Com uma programação acolhedora, diversificada e reflexiva o Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais, em parceria com a Regional de Saúde de Belo Horizonte, realizou o evento “Negra & Negro. Qual Saúde nós queremos?”.Com a participação dos conselheiros de saúde e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) o evento contou com um ato cultural em que cantos que representam a comunidade negra foram entoados.

Durante a abertura os avanços e desafios do Sistema Único de Saúde para a população negra foram discutidos. “A lei federal 10.639/2003 ressalta a importância da cultura negra na sociedade. Esse evento é o primeiro de muitos a discutir este e outros assuntos referentes à população negra”, afirmou a secretária executiva do Conselho Estadual de Saúde (CES-MG), Eleciania Tavares.

 Crédito: Marcus Ferreira

A ideia da realização do evento partiu da conselheira e usuária do SUS, Maria da Penha de Oliveira, que junto a outros usuários percebeu a necessidade de mais diálogo sobre uma saúde mais digna para a população negra. Em uma roda de conversa sobre racismo, controle social e política de saúde integral da população negra, a conselheira municipal de saúde de Belo Horizonte, Diva Moreira, a Superintendente de Políticas Afirmativas e Articulação Institucional da Subsecretaria de Igualdade Racial da Secretaria Estadual de Direitos Humanos de Minas Gerais, Yone Maria Gonzaga, a referência técnica do Núcleo de Políticas de Promoção da Equidade em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Rosa Maria dos Santos, a Secretária Geral do CES-MG, Lourdes Machado e o vice Presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ederson Alves da Silva, destacaram a luta dos movimentos sociais negros para serem inseridos nas principais pautas sociais. Assuntos como a equidade e a transversalidade na saúde também foram abordados.

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“Todos os órgãos da máquina estatal devem combater o preconceito e as especificidades da população negra devem ser observadas”, disse Rosa Maria dos Santos. O vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ederson Alves da Silva, lembrou que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. “Todos têm direito a um atendimento humanizado, integral e com respeito às especificidades”, afirmou.

Com a presença de diversos parceiros como o Projeto Meninas de Dora, entidade que tem como objetivo preparar jovens e adultos para exercer sua condição de sujeito, gerando renda a partir do trabalho, os participantes tiveram momentos para cuidar da beleza e do bem estar com atividades de massoterapia, maquiagem e penteados afro. Também ocorreu a exposição de livros, inclusive infantis, que retratam a presença do negro na sociedade.

Crédito: Marcus Ferreira

No período da tarde ocorreu um bate papo sobre as práticas ancestrais negras que enfatizou a importância do uso dos chás para tratamento, recuperação e promoção da saúde física, psíquica e espiritual. Com a presença da representante do Comitê de Diversidade Religiosa Estadual de Minas Gerais e coordenadora da Rede Renafro, Mãe Rita – Mametu Oia Simelesi, algumas plantas medicinais que contribuem para a saúde foram apresentadas. “As plantas que são usadas para a produção de remédios contribuem muito para as questões de saúde como a mistura de limão, gengibre e hortelã que muitas vezes auxiliam na cura da gripe e pneumonia”, explicou Mãe Rita.

A participante dos espaços e movimentos de controle social, Ângela Eulália dos Santos, destacou o evento como algo que deveria ocorrer de forma constante. “Discutir a situação do negro na sociedade, sobretudo nas questões de saúde é essencial. Preconceitos, racismos e situações que inferiorizam a população negra devem e precisam ser discutidas em eventos com a participação social”, afirmou Ângela Eulália dos Santos.

 

Por Alessandra Maximiano, com colaboração de André Barros (estagiário)