Na manhã desta quarta-feira (12), foi realizado no Instituto Rene Rachou (Fiocruz Minas), o seminário “Pensando a Zika pelas lentes das Ciências Sociais: integrando ciência, políticas e sociedade civil”, com a presença da presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, da diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta, do presidente da Fundação João Pinheiro, Roberto do Nascimento Rodrigues e de representantes da Associação Mães de Anjos de Minas Gerais e Pernambuco.

Um dos temas do evento foi a vivência das famílias de crianças com síndrome congênita do Zika vírus e os desafios enfrentados por elas para ter acesso aos direitos sociais e de saúde.

O diretor-geral da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), Edvalth Pereira, também participou do evento, destacando a importância da parceria entre a Escola e a Fiocruz Minas. “Essa parceria só vem fortalecendo ainda mais a convicção que só por meio da pesquisa e parceria, nos podemos enfrentar esse momento difícil que atravessa o nosso país e o nosso estado. Sempre recebemos orientação do Governador do Estado para fortalecer mais ainda essas parcerias. A Escola está sempre de portas abertas para receber vocês e fortalecer o SUS”, disse.

Marcas do Zika vírus

Duas associações participaram da atividade, uma delas, Mães de Anjos de Minas (AMAM), formada por mães diagnosticadas com o vírus da Zika durante a gravidez, e que em decorrência do vírus, tiveram filhos com microcefalia.

Angela Volpini, pesquisadora da Friocruz e madrinha da associação, recebeu um telefonema de uma mãe que havia perdido sua filha diagnosticada com microcefalia, mas que apesar da perda, queria ajudar outras mães com filhos na mesma condição. Ela solicitou dados de mortalidade das crianças com microcefalia em Minas Gerais, no intuito de fazer um levantamento e fundar uma associação que proporcionasse dignidade e garantia de direitos a essas crianças. “Após algum tempo decidi ser voluntária. Percebi que elas são unidas, engajadas, não veem tristeza em momento algum”, relembra Angela.

A pesquisadora relembra ainda que a Fiocruz Minas abraçou a causa, realizando reuniões com todas aquelas mulheres engajadas, e assim nasceu a rede de solidariedad”. “A rede é a base para colocar em ação a Associação. Há anos trabalhamos com pesquisa, e pouca coisa mudou, continuamos enfrentando o vetor, mas cadê a prevenção, onde erramos? Espero que esse seminário alcance muita gente, tome proporção, afirma a pesquisadora.

Jéssica Mesquita, da AMAM, é a mamãe que entrou em contato com a pesquisadora da Fiocruz Minas e concedeu um depoimento emocionante sobre seu diagnóstico aos quatro 4 meses de gestação. “Me mudei para Belo Horizonte, porque os resultados de exames aqui são mais rápidos, e descobri que minha filha seria um bebê com microcefalia. Os médicos disseram que a expectativa de vida de meu bebê seria de apenas três meses, ela viveu nove meses e depois voou. É por ela que eu luto. Faço por eles como se estivesse fazendo para a minha borboletinha, relatou emocionada.

Cooperação

Hoje também foi assinado pelo Governador Fernando Pimentel, protocolo de intenções entre o Governo de Minas Gerais e a Fiocruz, que prevê uma cooperação técnico-científica para promover projetos de pesquisa e ensino, o desenvolvimento tecnológico e produtivo em diversas áreas da saúde no Estado, como, por exemplo, no fortalecimento em pesquisas sobre a febre amarela.

Vale destacar que a Fiocruz Minas, as secretarias de Estado da Educação e de Saúde, e a ESP-MG já mantém ações de mobilização social para o enfrentamento da dengue, zika e chikungunya, como os “Comitês populares para enfrentamento do Aedes aegypti”, dentre outras atividades.

 

Por Melyssa Fonseca / ESP-MG