A OncoTag, primeira startup parceira técnico-científica da Fundação Ezequiel Dias (Funed), foi mais uma vez destaque no universo do empreendedorismo e da inovação no Brasil. Desta vez, a OncoTag está na lista "100 Startups to watch" organizado pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Época Negócios e pela Corp.vc (Elo Group). O ranking busca orientar investidores, aceleradoras e programas de corporate venture, que busca as empresas mais promissoras do país.

Para a pesquisadora Luciana Silva, coordenadora da startup  ao lado de Letícia Braga, Nara Rosana e Ricardo Oliveira, ter a OncoTag ranqueada como uma 100 startups mais quentes do momento no país, dentre as 1.300 inscritas e avaliadas por uma revista de grande prestígio nacional, é motivo de orgulho pelo trabalho desenvolvido, principalmente por que envolve atores públicos. “É muito bom para a sociedade saber que dentro de instituições sérias como a Funed existem pesquisas feitas com qualidade. O cenário atual é favorável ao desenvolvimento e a criação de startups, onde a inovação tem sido a palavra de ordem para alavancarmos a economia e, com isso, contribuir gerando um produto inovador para o país. Estamos muito felizes, pois a publicação que sai nesta semana na revista PE&GN nos fortalece, nos coloca no radar e nos motiva a seguir cada vez mais nesse caminho da inovação. Já temos o apoio de grandes parceiros como a Fapemig e a Thermo Scientific para o estudo clínico e estamos aguardando outras novidades que estão por vir”, comemora.

O cenário

A OncoTag atua desde 2008 em pesquisas a respeito do câncer ginecológico e desenvolveu um kit de exame molecular para avaliação do prognóstico de pacientes com câncer de ovário.

De acordo com a pesquisadora Letícia Braga, o cenário do câncer em 2018 terá mais de 14 milhões de novos casos no mundo. A incidência da doença cresceu 20% na última década e espera-se, para 2030, 27 milhões de casos novos. O impacto do câncer na população corresponderá a 80% entre os países em desenvolvimento, dos mais de 20 milhões de casos novos estimados para 2025.

No Brasil, as estimativas também merecem atenção. Letícia explicou que são esperados em 2018, mais 600 mil casos, sendo que os cânceres de mama e ovário devem contabilizar quase 60 mil e 6 mil casos, respectivamente.

A pesquisa

As pesquisas da OncoTag nasceram com o fato de que o paciente oncológico é submetido a um esquema de quimioterapia já preestabelecido, sem considerar a heterogeneidade do tumor e a particularidade de cada paciente. Isso acaba determinando que as células tumorais não tenham alvos para os tratamentos que foram prescritos para o paciente, o que acaba determinado a baixa resposta ao tratamento e, consequentemente, o retorno da doença, chamado de recidiva. “As técnicas de sequenciamento do genoma trouxeram novidades e, por meio de estudos, foi possível mostrar o entendimento molecular, ao ponto de hoje o câncer ser considerado uma doença molecular”, explica Letícia.

Os resultados que envolvem a ciência básica tecnológica e a terapêutica da medicina personalizada beneficiam o paciente que passa a ser entendido como um indivíduo que vai responder de uma maneira diferente ao tratamento. Letícia mostra que é viável tratar o perfil genômico de um paciente, com ferramentas de detecção e monitoramento da doença, marcadores prognósticos, capazes de predizer para o profissional de saúde qual deve ser o curso da doença naquele paciente, ou seja, qual a linha de quimioterapia a ser adotada, se o tumor de um determinado paciente é mais agressivo. “Assim, é possível ainda adaptar o tratamento ao perfil genético, predizendo as chances de metástases, o grau de proliferação do tumor”, explica. Os marcadores antecipam a resposta do paciente à quantidade de drogas usadas, oferecendo cuidados mais assertivos por meio da análise do perfil do paciente.

A trajetória

Letícia contou que a OncoTag surgiu da necessidade de unir a pesquisa básica à pratica clínica, em um grupo de pesquisa translacional, do qual ela e a pesquisadora Luciana Silva fazem parte. Hoje as pesquisas envolvem a Funed, as universidades Federais de Uberlândia (UFU) e de Minas Gerais (UFMG) e a OncoTag.

A startup começou com os resultados positivos do Programa de Incentivo à Inovação (PII). “Fomos encorajadas a montar a OncoTag, a primeira startup da Funed que realmente registrou uma marca. A partir daí foi possível receber recursos para contratar uma consultoria para que nosso projeto se tornasse realidade”, diz.

A pesquisadora explica, ainda, que o mercado de marcadores é crescente, especialmente na área de Oncologia. “Pretendemos alcançar 17% das pacientes com câncer de ovário, no universo das 6 mil mulheres que adoecem no Brasil, realizando com isso mil exames por ano, ajudando a salvar vidas e tornando a OncoTag viável. “A principal estratégia é colocar o kit de marcadores dentro dos laboratórios de medicina diagnóstica, tendo médicos como influenciadores, aumentando assim o acesso ao tratamento de precisão” detalha.

De acordo com Letícia Braga o objetivo da OncoTag é oferecer tratamentos mais assertivos, em que o resultado de pesquisa básica possa ser aproveitado pela sociedade, que paga pelas nossas pesquisas. 

Empreendedorismo

A OncoTag sempre esteve presente entre os destaques de inovação e empreendedorismo na área da saúde. Desde que o teste molecular para o tratamento de mulheres com câncer de ovário foi publicado no PII, a trajetória da startup foi permeada por muita dedicação para estar sempre entre os destaques da sua área. 

Em 2015, Letícia e Luciana participaram do II Congresso Brasileiro de Ginecologia Oncológica e do VIII Seminário de Empreendedorismo e Inovação (SIMInove) e da FINIT, em 2017. A OncoTag foi finalista do top 12 da Biostartup Lab e esteve entre as 12 startups mais atraentes do Damoday Inovativa Brasil, vencendo o ciclo de aceleração 2016. Entre as premiações, estão o II Prêmio de Inovação do Grupo Fleury e o 6ª Circuito Einstein de Startup, do Hospital Albert Einstein.

 

Por Luciane Marazzi