O auditório estava cheio e era possível perceber no olhar dos estudantes um misto de ansiedade e expectativa. Todos aguardavam o anúncio dos vencedores da XI edição do Prêmio Professor Carlos Ribeiro Diniz. No caso, das vencedoras. O pódio tanto na categoria de Ensino Médio quanto de Graduação foi completamente feminino.

Entre os Bic-Júniores, a estudante Juliana Rodrigues Moraes conquistou o primeiro lugar com o projeto Conhecendo o Mundo dos Venenos. O segundo lugar ficou com Cecília Coimbra, com o tema Potencial Terapêutico de Mel Apis Mellifera Frente a P. Aeruginosa e, o terceiro, para Ana Luiza Araújo, com o tema Desenvolvimento de um teste rápido para identificação de Helicobacter Pylori.

Entre os alunos de graduação, o primeiro lugar ficou com Priscila da Costa, com o trabalho O efeito de nove anos de monitoramento na proteção à saúde dos Pacientes renais. A estudante Diana Aparecida Pacheco Pedrosa conquistou o segundo lugar com o trabalho Ação antitumoral de 2,5- Dicetopirazinas em Linhagem Celular Derivada de Câncer de Cólon humano. A terceira colocada foi Dávila Aparecida Pacheco, que apresentou o tema Efeito da frequência de alimentação em filhotes de Phoneutria Nigriventer.

Os 4º e 5º lugares de cada categoria ainda foram reconhecidos com menção honrosa. No Ensino Médio, as estudantes Ana Paula Ferreira da Cruz e Bianca Lacerda Barreto foram contempladas. Na Graduação, Maria Fernanda Carneiro e Gabriel Filogônio Costa receberam a distinção.

A organizadora do evento, Giselle Cotta, manifestou satisfação com todos os trabalhos e alegria pelos resultados alcançados. “Gostaria de agradecer a todos que contribuíram para que esse momento pudesse acontecer. Procuramos fazer o melhor e vamos buscar nos aperfeiçoar a cada edição”, declarou. A pesquisadora Rejâne Maria Lira da Silva, palestrante durante o seminário e membro da comissão científica avaliadora, destacou o significado de termos mulheres premiadas. “Como membro do Movimento Mulheres na Ciência, preciso destacar que tivemos uma banca muito feminina e a equipe de Bic-Júnior foi totalmente composta por elas. Ainda temos um caminho longo a percorrer, mas é necessário perceber que não estamos sozinhas. Precisamos contar com orientadoras e orientadores neste longo caminho”, afirmou a pesquisadora.

O Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Rodrigo Leite, falou sobre a oportunidade que o Prêmio representa de mostrarmos o que é feito em uma instituição pública da relevância da Funed. “Ainda somos muito tímidos em divulgar o que fazemos, mas eventos como esse provam que fazemos muita coisa e com excelente qualidade. Em um contexto que desvaloriza o serviço público, é necessário mostrar que na área pública há produções de altíssimo nível. Lembro aos estudantes que estão começando na área de pesquisa que essa é uma trajetória gratificante, mas que também exige lutas permanentes para que consigamos manter iniciativas de educação, ciência e tecnologia em andamento”, defendeu o Diretor.

O Vice-presidente da Funed, Daniel Medrado, exaltou a importância das atividades de iniciação científica para o despertar dos jovens para a ciência. “Vocês que estão na escola pública, que participam de iniciação científica e de outras atividades, é importante que saibam que muitas mentes brilhantes saem de ações como essas. Para mim, que também oriento alunos de iniciação científica, este Prêmio tem um significado mais que especial”, avaliou o vice-presidente.

Juliana Rodrigues Moraes, que estudou na Escola Estadual Maurício Murgel e acabou de ser aprovada no curso de biologia da UFMG, foi a Bic Júnior que ficou em primeiro lugar e parecia ainda não acreditar na premiação. “Eu quase não participei do prêmio, talvez eu não soubesse que pudesse ganhar. Eu fiquei muito nervosa para a apresentação oral, mas apresentei da melhor forma. Fiquei muito feliz de participar e ganhar”, contou a estudante que conquistou o primeiro lugar com a criação de uma história em quadrinhos que trata o assunto dos venenos animais de forma simples e lúdica, visando à melhor assimilação das informações científicas pelo público leigo.

Já Priscila da Costa, que acabou de se graduar em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Cefet-MG, estudou o efeito do programa de monitoramento de água para Hemodiálise do estado de Minas Gerais que é realizado pela Funed e verificou a adequação dos serviços ao longo dos anos para direcionar ações de vigilância sanitária. A estudante realizou um estudo amplo e propôs melhorias no programa estadual de monitoramento. “Eu tinha consciência de que eu tinha feito um trabalho muito importante para a saúde pública, mas eu não esperava que fosse ganhar. Vi que algumas ações da vigilância sanitária já serão implementadas e isso demonstra que estamos no caminho certo”, afirmou a estudante.

 

Por Vivian Teixeira / FUNED