A Regional de Saúde de Varginha promoveu, nesta sexta-feira (16/03), uma capacitação para os profissionais médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) dos municípios jurisdicionados, que teve como tema o “Tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana e a Administração Intralesional de Antimônio Pentavalente”.

A capacitação, que aconteceu na Universidade Federal de Alfenas – Campus Varginha, teve o intuito de apresentar um tratamento mais seguro, visto que é menos agressivo para o paciente (menores efeitos colaterais e toxicidade), sendo recomendado pelo Ministério da Saúde para a Leishmaniose Tegumentar Americana. O evento reuniu, em sua organização, a equipe da Regional de Saúde de Varginha, representada pelas referências da Vigilância Epidemiológica Monique Borsato, Márcio Ferreira e Mirtis Valério.

Créditos: Tânia Correa

A capacitação, que foi ministrada pela médica infectologista, Tássia Ribeiro do Vale Pedreira, referência dos municípios de Três Pontas e Varginha, abordou aspectos como a situação epidemiológica da doença no mundo e no Brasil, sua definição, as formas da doença e o vetor – flebotomíneo (mosquito palha). Tássia ressaltou que os hospedeiros e reservatórios são os animais silvestres e sinantrópicos, não havendo relatos ou relação desta origem, comprovada, com animais domésticos.

Foram explanados os padrões epidemiológicos e ciclos de transmissão, o diagnóstico e o tratamento da doença. Tássia ressaltou, ainda, a necessidade de se atentar para o diagnóstico clínico diferencial, pois se trata de uma doença que pode ser confundida com diversas outras enfermidades, com lesões cutâneas ou mucosas parecidas, tais como Paracoccidioidomicose e Esporotricose. “O objetivo central dessa capacitação foi ajudar os profissionais da ponta no diagnóstico correto e reforçar as condições para a realização do tratamento no município de origem, sem a necessidade de referenciação do paciente”, afirmou Tássia.

Sobre o diagnóstico laboratorial, Tássia afirmou que existem vários métodos. Porém, a demonstração direta do parasito é de maior facilidade, uma vez que não há sorologia para o diagnóstico da Leishmaniose Cutânea. Destacando-se, para tanto, a técnica de “Escarnificação” e o “Imprint”, sendo o último mais propício por ser de maior rapidez e de menor custo. Ele pode ser realizado com o auxílio de um “Punch cirúrgico descartável”, que é útil também para a coleta de material para análise com a Técnica de Cadeia de Reação da Polimerase (PCR). O diagnóstico é mais sensível quando em lesões mais recentes, com menos de 1 ano, daí a necessidade do exame precoce das mesmas, o que torna de grande importância e relevante a atuação dos médicos no município.

O tratamento com Antimonial Pentavalente (Glucantime), segundo Tássia, deve ser visto como a primeira opção para o tratamento dos casos, mesma orientação do Ministério da Saúde. Contudo, há vantagens potenciais no tratamento com aplicação do Glucantime intralesional, como a redução do custo em medicamento e monitoramento, a redução da toxicidade, a manutenção da eficácia e a segurança. Tássia afirmou que esse tratamento é utilizado ao redor do mundo e, respondendo a dúvidas que muitos médicos apresentam, não há recidiva nos casos de Leishmaniose mucosa, como relatam estudos com acompanhamento de mais de 10 anos após o tratamento intralesional. A técnica, feita através de administração da droga foi explanada e orientações dirigidas para o controle dos reservatórios e hospedeiros, comentadas e discutidas entre os médicos presentes.

Márcio Ferreira, referência da Vigilância Epidemiológica da Regional de Saúde de Varginha, realizou o encerramento agradecendo a disponibilidade da médica palestrante, salientando o grande número de profissionais médicos presentes. "Isso demonstra que estamos no caminho certo ao procurarmos soluções para um problema de saúde pública muitas vezes negligenciado, a Leishmaniose”, afirmou.

 

Por Tânia Machado