A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), em parceria com o Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), realizou, recentemente, a primeira edição do Ciclo de Debates sobre Violência, abordando o tema “Desenvolvimento Socioeconômico e Violência”. A atividade tem o objetivo de abrir espaço para a discussão do atual cenário do país em relação a violência e desigualdade social, além de promover a reflexão de planos de pesquisa e intervenção envolvendo a violência e suas interfaces com a saúde.

O diretor-geral da ESP-MG, Edvalth Rodrigues Pereira, deu as boas-vindas aos presentes, a agradecendo a presença de todos e abordando a importância da atividade e da parceria com a Fiocruz Minas. “Hoje iniciamos mais uma atividade com a Fiocruz Minas e temos a certeza que debates como esses nos estimulam a defender a pluralidade de ideias e fortalecer nossas instituições”, disse.

A mesa de debates contou coma presença do professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bruno Pinheiro Reis, que apontou a importância das políticas afirmativas para garantir a igualdade de oportunidades e tratamento. “É uma forma de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização. A economia brasileira foi estruturada na escravização e até os dias atuais a população negra é a menos favorecida, vítimas da desigualdade como consequência estrutural do Brasil imperial”, relembrou.

O ex-Secretário de Estado de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, complementou o debate falando da corrupção, da desigualdade social e da crescente violência policial contra a população mais vulnerável.

SUS e Violência

A Diretora de Vigilância de Doenças Crônicas Transmissíveis, Não Transmissíveis e Causas Externas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Janaína Passos de Paula, destacou em sua apresentação que parte da população entende que a violência cabe somente a Segurança Pública, mas a Saúde Pública tem o dever de assistir à população, oferecer prevenção, tratamento e elaborar políticas específicas. “Em 2017 foi sancionada a Lei 13.427/2017, que garante o atendimento especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica e sexual, no Sistema Único de Saúde (SUS), com acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras”, afirmou.

Vítimas da Violência no Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como violência o “uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mal-desenvolvimento ou privação".

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são jovens negros. Segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS), o cidadão negro tem 23,5% de chances a mais de ser vítima de homicídio, em relação às pessoas brancas. Isso se deve a condição de idade, sexo, escolaridade, estado civil e residência.

Esse caráter discriminatório alimenta a desigualdade, proporciona a vulnerabilidade da juventude negra. Só olhando para a população num todo, será possível pensar em desenvolvimento socioeconômico, destaca a referência técnica da SES-MG. Ao longo de 2018, a ESP-MG, juntamente com a Fiocruz Minas, promoverá uma série de debates sobre a temática da Violência, com espaços para discussão, e interação a cerca de violência e saúde.

 

Por Melyssa Fonseca / ESP-MG

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