A Regional de Saúde de Uberlândia (SRS Uberlândia) realizou na última quarta-feira (13/12) reunião sobre doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O objetivo foi discutir com os municípios ações de vigilância epidemiológica e assistência à saúde. Com o início do período chuvoso e aumento da temperatura, as secretarias municipais de saúde ficam em alerta e precisam fortalecer as suas ações de prevenção e controle do Aedes, mosquito transmissor da Chikungunya, Zika, Dengue e Febre Amarela.

Com a previsão do aumento na circulação do vírus dengue tipo 2 e dos casos de chikungunya em todo o país, a Regional de Saúde orientou os 18 municípios de sua área para que reforcem as ações de prevenção e qualifiquem o atendimento aos casos suspeitos. “A dengue tipo 2 acomete mais crianças e pode levar a óbitos. É preciso organizar a rede de assistência para o atendimento a essas doenças. Precisamos também ter pediatras capacitados e médicos preparados para o atendimento em caso de dor crônica. A previsão não é só para Minas Gerais, é uma previsão do Ministério da Saúde”, reforçou a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Regional, Ana Paula Teixeira.

A coordenadora também pontuou a importância em notificar todos os casos suspeitos de Chikungunya, Zika, Dengue e Febre Amarela, ou seja, comunicar oficialmente ao Estado por meio de ficha e sistemas próprios. Esclareceu que é imprescindível iniciar a investigação epidemiológica em até 15 dias, além da busca ativa por sintomáticos e a realização de bloqueios para reduzir a transmissão do vírus.

O Plano de Contingência também foi discutido durante o evento e a coordenação de vigilância epidemiológica explicou que as ações serão organizadas e reforçadas por fases, “o Plano será dividido em quatro fases de acordo com a taxa de incidência de casos, óbitos, internação e ocupação de leitos”, reforçou a coordenadora.

Créditos: Priscila Fujiwara

Controle de endemias, coleta de material para exame laboratorial e registro de epizootia com suspeita de febre amarela também foram discutidos pelo grupo.

Integração com a Atenção Primária: experiência pioneira

Desde 2015, com a publicação da Portaria nº 2121, as ações de controle do Aedes é também atribuição dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). O vínculo do agente comunitário com as famílias facilita as ações e fortalece a mobilização da população. Por isso, sua participação no combate aos criadouros e na orientação sobre os sintomas das doenças transmitidas pelo mosquito é essencial, defende a referência técnica em endemias da Regional de Uberlândia, Fernando Rodrigues.

Em Patrocínio, no Alto Paranaíba, o trabalho da Atenção Primária em conjunto com o Controle de Endemias é pioneiro na Regional de Saúde de Uberlândia. A partir de 2017, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) foram treinados e passaram a apoiar a Vigilância Epidemiológica no controle da dengue. Antes, com 32 agentes de endemias, a equipe teve um reforço com mais 190 ACS. Segundo o enfermeiro e coordenador de endemias da Secretaria de Saúde de Patrocínio, Gilberto Martins, o necessário seriam aproximadamente 45 agentes de endemias para cobrir toda a cidade. “Com o apoio da Atenção Primária, hoje podemos garantir ações de combate à dengue em todo território em Patrocínio”, comemorou.

O setor de Controle de Endemias com a Vigilância Epidemiológica e a Atenção Primária fizeram um planejamento e reestruturação para 2017 dividido em etapas. O primeiro passo foi a integração dos agentes de endemias (AE) com a Atenção Primária, por consequência com os ACS. “Os AEs foram para as Unidades de Saúde e passaram a ser membros integrantes das equipes de Saúde da Família e dentro das unidades são coordenados pelos enfermeiros responsáveis”, explicou o enfermeiro.

O segundo passo foi realizar uma capacitação prática para os ACSs. “Ensinamos aos agentes como devem ser feitas as visitas e como é procurar um foco de dengue, realizar o combate, o que é um criador, o que é um mosquito. Foram dois meses de treinamento em que os agentes de endemias acompanharam os ACSs em todas as visitas”, detalhou o enfermeiro sobre a importância em realizar supervisão e capacitações para a Atenção Primária. “Após isto, os ACSs passaram a trabalhar sozinhos nos domicílios com a nossa supervisão. Eles não trabalham em terrenos baldios, prédios públicos, comércio e bloqueio de vetor, este é o papel da endemia. As visitas dos ACS são direcionadas somente aos domicílios já cadastrados de suas áreas. São casas e famílias que já visitavam, porém com um olhar mais amplo de promoção à saúde”, complementou. “É importante que os papéis e atribuições fiquem muito claras”.

É função dos ACSs no combate ao Aedes aegypti orientar a população, mobilizar a comunidade, visitar os domicílios para vistoriar os cômodos da casa, identificar locais de existência de larvas ou mosquitos, orientar e acompanhar o morador na remoção, destruição ou vedação de objetos que possam se transformar em criadouros de mosquitos além de realizar a remoção mecânica dos ovos e larvas do mosquito. Cabe também aos ACSs articular com a equipe de Atenção Básica e acionar o Agente de Combate de Endemias (ACE) e equipe de vigilância quando houver a necessidade de outras ações no controle vetorial.

Em Patrocínio, o ACS é responsável em suas visitas por verificar criador, orientar os moradores e realizar o manejo mecânicos de prevenção. “Eles não aplicam inseticida”, pontuou Martins. “Esta é uma responsabilidade do agente de endemias. Como os ACE ficam nas unidades de saúde, quando é necessário, são acionados pelos ACS”, finalizou.

Segundo boletim publicado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES - MG) em 11/12, Patrocínio tem risco baixo de epidemia.

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Por Priscila Fujiwara

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