Passadas as fases de urgência e emergência e de internação hospitalar, agora é o momento do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), planejar e executar as ações de atendimento ambulatorial às vítimas da tragédia ocorrida numa creche em Janaúba, no último dia 5 de outubro. Para tanto, a SES-MG recebeu, esta semana, o apoio de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, vinda de Santa Maria, do estado do Rio Grande do Sul. Essa mesma equipe atendeu às vítimas de queimaduras e intoxicação por inalação de fumaça durante incêndio da boate Kiss, tragédia ocorrida em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, quando cerca de 240 pessoas morreram e 680 ficaram feridas.
Arquivo pessoal

Experiência

O Subsecretário de Políticas e Ações de Saúde da SES-MG, Homero Souza Filho, explica que o objetivo em trazer a equipe gaúcha foi treinar os profissionais do Centro Estadual de Atenção Especializada (Ceae) e de toda a Atenção Primária de Janaúba, de acordo com o protocolo de Santa Maria, documento com diretrizes de atendimento às vítimas da boate Kiss, que orienta sobre tratamento de vítimas de queimadura e de intoxicação por inalação de fumaça de incêndio.

Para o secretário de Estado de Saúde, Sávio Souza Cruz, a experiência trazida pela equipe é fundamental para que a SES-MG, juntamente com o município de Janaúba, dê continuidade à assistência às vítimas de Janaúba nos próximos anos.

“Depois que a SES-MG prestou os atendimentos mais complexos de urgência e emergência, transferiu os pacientes para os hospitais de referência em queimados, em Belo Horizonte e Montes Claros, tudo com o apoio do governador Fernando Pimentel, agora, é o momento de planejarmos e oferecermos assistência às vítimas e aos seus familiares para os próximos anos. A equipe que assistiu às vítimas da boate Kiss, em Santa Maria, pode nos orientar muito nesse trabalho, trazendo sua experiência”, afirmou Souza Cruz. 

Nesse sentido, acrescentou a gerente de Atenção à Saúde do Hospital Universitário de Santa Maria, Sueli Guerra: "encontramos o município de Janaúba e a Secretaria de Estado de Saúde com um entrosamento muito respeitoso, muito afinado. Os questionamentos de ambos, nessa terceira fase de atendimento às vítimas referem-se à 'Como elas chegarão? Com quais necessidades? Do que precisamos para recebê-las?' É isso que estamos fazendo aqui, orientando-os nessas respostas, com base na nossa experiência na tragédia da boate Kiss."

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Essa terceira fase do tratamento, o atendimento ambulatorial das vítimas, deverá focar o tratamento das queimaduras e intoxicação por inalação da fumaça do incêndio, conforme explicou Sueli Guerra.

Agilidade no atendimento

"Verificamos que a primeira abordagem, mesmo com as dificuldades restritas ao atendimento à criança, que sempre é uma área muito mais especializada, foi muito efetiva. O Sistema Único de Saúde (SUS) funcionou, deu o suporte básico e avançado necessário para que essas crianças chegassem a um local adequado para receber o tratamento intensivo. Todo o apoio do Estado foi percebido como uma resposta altamente positiva pela nossa equipe”, destacou Sueli.

“O apoio que o Estado nos deu, desde o primeiro momento, com a presença em Janaúba desde o dia da tragédia, tem sido fundamental. E, agora, a equipe de Santa Maria vem acrescentar, trazendo todo o seu conhecimento para que possamos dar os primeiros passos no tratamento dos pacientes de intoxicação por inalação de fumaça com mais segurança”, afirmou a secretária Municipal de Saúde de Janaúba, Cecília Freitas.

Articulação entre os hospitais

O Governo de Minas Gerais, por meio da SES-MG, tomou uma série de medidas para disponibilizar leitos nos hospitais estaduais para não deixar as vítimas desassistidas, de acordo com a subsecretária de Regulação em Saúde, Wandha Karine dos Santos.

“Foram disponibilizados mais leitos no hospital João XXIII, em Belo Horizonte, para receber as vítimas de queimadura e uma enfermaria para receber as crianças foi montada em poucas horas. Os pacientes infantis que já estavam no João XXIII - em situação estável e com condições de transferência -, no Centro Geral de Pediatria, foram transferidos para outros hospitais pediátricos para que o Centro recebesse exclusivamente as vítimas de Janaúba”, explicou Wandha.

O fluxo do João XXIII, ainda segundo a subsecretária, também foi desviado, para evitar a superlotação e deixar os leitos disponíveis para as vítimas da tragédia. O mesmo aconteceu com o Odilon Behrens, referência em traumas, que teve o seu fluxo alterado. Tais ações só foram possíveis graças a uma articulação entre as centrais de regulação do Estado e do município de Belo Horizonte.

Em Montes Claros, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica da Santa Casa, hospital também referência em vítimas de queimaduras, a exemplo do que aconteceu em Belo Horizonte, teve seu fluxo desviado para os demais hospitais infantis da região, a fim de disponibilizar leitos para as vítimas. "O Estado agiu muito rápido. A ação articulada das instituições envolvidas fez a diferença no atendimento às vítimas", concluiu Wandha. 

Por Romyna Lanza

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