A alta rotatividade e a visão fragmentada de alguns médicos, aliada à não valorização da educação permanente para a transformação profissional, são um dos principais desafios que o Programa de Educação Permanente (PEP) para Médicos da Atenção Primária à Saúde busca superar.

O PEP é uma intervenção educacional inovadora da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG) para lidar com a educação permanente dos médicos que atuam nas equipes de Saúde da Família. Segundo João Batista Silvério, médico e professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), o programa tem potencial de efetividade para mudar a prática, melhorar a performance e organizar os serviços, qualificar o cuidado e impactar positivamente os índices de saúde dos usuários, sendo aplicável a grupos de médicos de outras especialidades ou de outras categorias profissionais. “Além disso, os Grupos de Aperfeiçoamento Profissional (GAP) colaboram para reduzir as taxas de investigações diagnósticas desnecessárias, as prescrições incorretas de medicamentos, a variabilidade da prática profissional e a rotatividade dos médicos nas Estratégias Saúde da Família”, defendeu.

No Vale do Jequitinhonha, região nordeste de Minas, 7 GAPs estão distribuídos nos municípios da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Pedra Azul: Almenara (2), Itaobim (1), Jacinto (1), Jequitinhonha (1), Medina (1) e Pedra Azul (1). A Autoridade Sanitária e Referência Técnica de Educação Permanente da GRS Pedra Azul, Zeilzia Santos, destaca que a proposta do PEP é fundamental, pois a região não conta com Universidades ou outras instituições que possam capacitar esses profissionais. “Para termos sucesso nesse processo, temos dois personagens fundamentais, o Gestor, que deve liberar o profissional, e o médico, que deve participar das reuniões, buscando se desenvolver profissionalmente. Na região, temos feito um intenso trabalho de divulgação do PEP, por entendermos a importância desse programa para a melhoria da Atenção Primária”.

Para a Coordenadora Geral do PEP, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Leida Calegário, por meio do PEP, já se pode observar um aumento da fixação dos médicos e na aplicação do método clínico centrado na pessoa. “Estamos buscando garantir a capacitação in loco dos 350 médicos que atuam em dez das Regiões Ampliadas de Saúde do Jequitinhonha e Nordeste de Minas Gerias, áreas estas de atuação da UFVJM. Na regional de Pedra Azul, o trabalho da UFVJM tem sido facilitado por podermos contar com o apoio incondicional da GRS de Pedra Azul, além do trabalho qualificado e da disponibilidade dos supervisores e coordenador macrorregional do PEP. Muitos gestores municipais de saúde também têm apoio a UFVJM e o PEP, incentivando e liberando seus profissionais para participação nas atividades do Programa”, disse.

O Médico Coordenador do GAP de Pedra Azul, Álvaro Dantas, frisou que é importante que cada município envie seus médicos para que participem do GAP, pois este seria um espaço para troca de experiências entre os médicos, visando um constante aperfeiçoamento e alinhamento de conhecimento entre os profissionais. “Fazemos um trabalho que visa oferecer uma interação entre os médicos, buscando estimular a permanência dos mesmos no interior, e reciclando os seus conhecimentos. Com isso, esperamos unificar condutas médicas através de produção de protocolos compatíveis com a realidade da nossa região, e, assim, racionalizar medicamentos e exames complementares”.

Já a médica de Pedra Azul, Gleiciane Oliveira, declarou que o PEP tem colaborado para renovar os seus conhecimentos na área médica. “Evidentemente, uma das melhores coisas já realizadas em termos de saúde pública foi a criação de um Programa de Educação Permanente, visto que a medicina é uma área de extrema atualização, fazendo-se necessário complementar a educação médica, em favor do bom atendimento aos pacientes e da qualidade profissional e, consequentemente, da qualidade de vida da população”, disse o médico de Pedra Azul, Marcos Armentano.


O que é o PEP


O Programa de Educação Permanente para  Médicos de Família de Minas Gerais (PEP/SES/MG) é uma ação educacional promovida pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) para lidar com a heterogeneidade de competências clínicas e a educação permanente dos médicos das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do estado mineiro.

Baseia-se nos princípios da aprendizagem de adultos e nas melhores evidências científicas disponíveis na literatura internacional e articula estratégias educacionais para aprendizagem individual, em pequenos grupos, grandes grupos e de habilidades clínicas. O programa é implementado em parceria com escolas de Medicina locais.

Por Allan Campos

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